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Pense Nisso

como de costume não estou me sentindo bem, mas hoje não vou falar de mim, vou falar de um caso que causou indignação em mim... vou começar contando uma histórinha...


João da Silva, menino de 19 anos, morador do Morro do Rato molhado, sai de sua casa às cinco da manhã, de chinelos, porque não tem outro sapato, no frio e na chuva, metendo o pé na lama, para andar sete quarteirões para pegar um dos três ônibus que o levará a um dos seus dois empregos. João trabalha desde os 12 anos de idade em dois empregos para ajudar a mãe, aposentada, que precisa tomar remédios diários para uma doença crônica, os quais não consegue pagar com a sua aposentadoria. Ele poderia ganhar em um dia o que ganha em um mês se entrasse para o tráfico da favela onde mora, mas ele prefere trabalhar em dois empregos porque não quer proximidade com drogas. Como eu ia dizendo, João está caminhando em direção ao ponto de ônibus. Do outro lado da rua, João avista o ônibus, que só passa de hora em hora. Preocupado em perder seu ônibus e em chegar atrasado ao trabalho, João corre para atravessar a rua, uma via movimentada. João atravessaria no sinal, porque ele tem medo de infringir qualquer norma e ser preso, afinal, é isso que acontece com pobre no Brasil, mas não tem sinal na rua. Nem sinal nem passarela. O Poder Público não se deu ao trabalho de construir uma passarela no local e os moradores tem que atravessar a rua na base da corrida mesmo. João corre, preocupado com seu ônibus, mas graças a seu pé cheio de lama, tropeça e cai. João é violentamente atropelado, sendo levado ao hospital Miguel Couto, referência no Rio de Janeiro em traumatismos ortopédicos e ferimentos a bala, porém enfrenta horas de fila para ser atendido porque toda a equipe médica está ocupada, e acaba morrendo de hemorragia.



Rafael Mascarenhas, 18 anos, rapaz de classe média alta, sai para andar de skate com amigo durante a madrugada de um dia de semana, depois de ensaiar com sua banda de rock. Decidem entrar em um túnel interditado, no qual consta aviso visível onde se proíbe o trânsito de pedestres e veículos. Rafael não tem temor de infringir uma proibição do Poder Público, pois afinal já o havia feito por diversas vezes e nunca teve consequências sérias, como aquela vez em que fumou um baseado. Rafael anda com seu skate em um local interditado, quando é atropelado por um motorista, que, tanto quanto ele, infringiu uma recomendação do Poder Público e optou por transitar em local proibido. É levado às pressas para o Hospital Miguel Couto, referência no Rio de Janeiro em traumatismos ortopédicos e ferimentos a bala e ao ser identificado como filho de Global, que imediatamente entra em contato com conhecidos dentro do hospital, recebe atendimento imediato, colocando à sua disposição toda a equipe médica de plantão. Porém, apesar de todos os esforços, morre em decorrência dos ferimentos.



Qual dos casos merece mais comoção, mais publicidade e mais solidariedade? AMBOS. Mas só o segundo tem destaque na mídia quando morre. Só o segundo desperta comoção de desconhecidos quando morre.



LONGE DO DESFAVOR TENTAR MINIMIZAR A DOR DA PERDA DE UM FILHO, que é a mesma, independente de qualquer fator social ou econômico. Somos solidários à dor dos amigos e familiares, que nada tem a ver com esse circo que a imprensa está armando para alimentar o sadismo alheio. Perder um filho é a morte em vida, não importa em quais circunstâncias.



Dito isso, o que merda um rapaz de 18 anos estava fazendo NA RUA DO RIO DE FUCKIN´ JANEIRO de madrugada? Caraaaaleooo! Não tem noção de que mora em um lugar perigoso não? E o que caralhouuus ele estava fazendo na rua de madrugada em um dia de semana? Não trabalha? Não estuda? Porra, mora num puta prédio, o que não lhe falta é área de lazer! Outra coisa, para quem não conhece o Rio, existe uma PISTA DE SKATE na Lagoa Rodrigo de Freitas, A CINCO MINUTOS DE DISTÂNCIA DO LOCAL DO ACIDENTE. Precisava? Precisava andar no FUCKIN´TÚNEL se tinha um lugar apropriado para isso logo ali?



Não que eu esteja dizendo que ele merecia morrer, não, ninguém merece morrer. Mas porra, de "fatalidade" isso não tem nada! Daí ficam tentando vilanizar o motorista, que apesar de estar errado, estava igualmente errado, porque a vítima também errou. Ficam afirmando que motorista estava fazendo racha, estava bêbado, estava drogado... Perdão pela falta de sensibilidade mas... alguém pensou em fazer um exame toxicológico na vítima? Que tal? Vamos dar um confere para ver se tinha bebida ou maconha no rapaz, vamos? Porque antes de começar a clamar por punição, temos que ter um panorama completo da situação. O problema é que as pessoas não sabem lidar com a dor, com o sofrimento, sem transformar isso em raiva e encontrar um culpado para punir. PENSE NISSO!!!

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